Falando durante a entrevista que concedeu recentemente nesta terça-feira, 24 de Setembro de 2024, na Rádio Essencial, o General na reforma, Abílio Kamalata Numa, revelou que está a ser julgado pelo estado angolano, através da Procuradoria Geral Militar, por ter escrito sobre a morte estranha do General Kamorteiro.
O General que está sob termo de Identidade e Residência, através do processo a decorrer desde o mês de Agosto no Tribunal Militar, aberto contra si pelo estado angolano, através da Procuradoria Militar, que o acusa de incorrer no crime de ultraje ao estado defendeu-se que não faltou respeito à ninguém, a nenhuma instituição do estado, apenas levantou um caso que é verdadeiro, em relação à morte do General Kamorteiro.
“O estado pode confrontar a família, pode confrontar as pessoas que estão próximo deste assunto, que não fogem exactamente daquilo que eu disse”.
O também Secretário Nacional da UNITA para os Antigos combatentes e Veteranos da Pátria considera de injusto e de má fé o seu julgamento, e manifestou grande indignação ver sua liberdade de expressão coartada por uma instituição a qual é fundador, tendo justificado o processo crime contra si pelo facto de ser uma figura ligada à UNITA.
“Mas, também coloco aqui o problema de discriminação de um cidadão que não é próximo ao regime; eu sou da UNITA e muito conhecido, mas as pessoas deviam se recordar que fui o fundador deste órgão que me acusa neste preciso momento, eu e o General João de Matos fomos quem fundou as Forças Armadas Angolanas”, disse Kamalata Numa, sublinhando que, “cortar a liberdade de expressão de um cidadão desta dimensão é má fé”.
Questionado se não lhe foi colocado a possibilidade de apresentar provas, o General revelou que não lhe foi dada a possibilidade de apresentar provas, apenas lhe foi imputado o crime, com o impedimento de não provar nada.
“Devia se colocar exactamente esse facto e irmos até as últimas consequências” disse o General, confirmando que, apenas lhe foi imputado o crime sem o direito de poder-se confrontar os casos levantados.
“Apenas o ultraje, não é uma questão de ter que provar nada”, disse Kamalata Numa, considerando que, se tivermos que ir até esse aspecto de provarmos se Kamorteiro foi morto ou não, então o que governo que o faça.
Kamalata Numa justificou a parcialidade do andamento do seu processo crime pelo facto de termos no país um governo que viola os direitos humanos.
“O governo também ao longo do tempo, não nos tem dado imagem de uma pessoa de bem, em termos de poder estar sempre na linha de salvaguarda dos interesses, liberdades, dos direitos dos cidadãos”.
“Não é isso que nós temos visto, ainda temos visto muito atropelo aos direitos humanos neste país, por isso, aqui ainda estamos num nicho de muita luta, para que Angola um dia seja verdadeiramente uma república democrática e de direito”, disse o General na reforma, Abílio Kamalata Numa.