O Presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, manifestou recentemente em entrevista à Rádio França Internacional a sua preocupação pela intolerância política no país.
Falando à margem das reuniões da IDC-CDI realizadas a 14 de Junho deste ano em Paris, o líder da UNITA afirmou que a intolerância política hoje é dirigida a todos que pensam diferente, inclusive do MPLA.
“Aquilo que ontem era um problema da UNITA, hoje é um problema de todos os que pensam diferente, inclusive do MPLA. Os membros do MPLA que por etapas vêm a público dizer o que pensam são punidos, são afastados; sofrem consequências, são demitidos”.
De acordo com o líder partidário, a intolerância política é dirigida aos membros da UNITA, aos partidos da oposição que têm a coragem de assumir posições próprias, ao cidadão, aos activistas políticos.
O Presidente da UNITA justificou a postura do governo com a quantidade de leis, que o regime angolano vem aprovando nos últimos anos, de protecionismos exagerados do estado, e que a qualidade da democracia desce todos os dias no país, tendo apontado ser necessário que a população possa agir depressa.
“E, portanto, é preciso todos nós pensarmos que temos que agir e temos que agir depressa. Porque, Angola hoje faz face a uma crise que não é política apenas, é uma crise social da mais grave consequência; é uma crise económica terrível que afecta as famílias, as empresas, a estabilidade de toda gente. E, é uma crise institucional, porque as empresas estão doentes, completamente, com a gravidade de que não temos independência do poder judicial, não temos independência da própria Assembleia ao Executivo; então, é um drama; a pluralidade de informação”.
Sobre o desempenho da comunicação social e a liberdade de imprensa que neste ano registou a subida de 21 lugares, Adalberto Costa Júnior denunciou ser fruto da compra das conferência internacionais em Angola.
De acordo com o líder da UNITA, o regime angolano fez uma opção desde o meio do ano passado para hoje, que é a compra das conferências internacionais em Angola: paga as conferências, paga as estadias, diminui os custos a quem viaja, vende uma Angola ilusória; mas a circunstância de vida dos angolanos piora todos os dias, como qualquer observador isento verifica, com as lutas sociais extremadas; com a própria UNTA central sindical com vínculos de proximidade ao regime a fazer greves sem limites, e a aderir como nunca no passado tal ocorreu.
Durante a entrevista, o Presidente da UNITA falou ainda sobre o processo da realização das eleições autárquicas, a situação da inflação, a situação social e económica das famílias angolanas, a seca e a fome extrema no país.