Dr. Jonas Savimbi vence Batalha da sua Diabolização

Li, há uns dias, no jornal de Angola, um artigo de opinião subscrito por Ismael Mateus, sob título “Branqueamento da Imagem de Jonas Savimbi vs percurso errático” carregado de inverdades que alimentam a propaganda em que o MPLA investiu durante muitos anos contra a UNITA e a figura do seu líder fundador.

Tenho de lamentar que alguns intelectuais angolanos se coloquem sempre e invariavelmente do lado errado da visão dos factos. A um dado momento Ismael Mateus fala da guerra pós-eleitoral, como obra de Jonas Savimbi. Meu Deus! Que tamanha desonestidade!

Cabe referir que o percurso de guerra, exceptuando a anti-colonial, que se justificou plenamente, esteve sempre ligado a política hegemónica e exclusivista do MPLA, que não acolheu de bom grado, a entrada da UNITA e do Dr. Jonas Savimbi na cena política nacional.

Segundo o mais velho general José Samuel Chiwale, co-fundador da UNITA, o primeiro ataque do MPLA contra o Movimento fundado por Jonas Malheiro Savimbi, ocorreu em Dezembro de 1966. Desde que abriu hostilidades, o partido no poder desde 11 de Novembro de 1975, nunca mais cessou. Perseguiu e de forma impiedosa a UNITA e o seu líder fundador, até que se consumou o seu assassinato, a 22 de Fevereiro de 2002. Os actos de intolerância política, como o recentemente ocorrido contra a caravana da JURA no Bié enquadram-se nesta perspectiva de perseguição contra a UNITA e a sua direcção. A anulação do XIII Congresso da UNITA pelo Tribunal Constitucional e o assassinato de caracter contra a figura do Presidente Adalberto Costa Júnior, também. É também nesse âmbito que deve ser vista a ausência, nos ecrãs da televisão angolana, do Presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior a quem não dada a oportunidade de falar aos angolanos através dos meios de comunicação estatais, por estes estarem sob controlo do partido no poder.

É preciso lembrar que foi a violação pelo MPLA, dos Acordos de Alvor, que mergulhou Angola numa guerra civil destruidora de infraestruturas e de vidas humanas. Tivessem os dirigentes do MPLA, desde o Dr. Agostinho Neto aos demais, escutado os apelos de Jonas Savimbi a favor da paz e concórdia, a realidade de Angola teria sido diferente. Estaria Angola a ombrear com Portugal no quesito de desenvolvimento político, social e económico, cuja classe política explorou melhor a oportunidade gerada pela Revolução dos Cravos, de 25 de Abril de 1974.

O Dr. Agostinho Neto cometeu o grave erro de ter trazido para Angola a corja de mercenários cubanos, russos e toda a gentalha da Europa de Leste, que andou por Angola a espalhar terror e a derramar sangue de angolanos em nome de uma tal solidariedade marxista. Andaram a massacrar angolanos genuínos que com a Independência ansiavam por Angola próspera e desenvolvida. Um sonho que acabou traído pela ambição do MPLA que declarou guerra injusta contra angolanos filiados na FNLA e na UNITA e assaltou o poder do qual não quer abdicar, mesmo incapaz de realizar os anseios dos angolanos.

Foi contra a política exclusivista e hegemónica do Dr. Agostinho Neto e do MPLA que o Dr. Jonas Malheiro Savimbi conduziu uma resistência popular generalizada que durou 16 anos, para reconquistar o direito à cidadania nacional e para a instauração em Angola do estado democrático de direito, objectivos que estavam plasmados nos traídos Acordos de Alvor de 1975, assinados pelos três movimentos de libertação reconhecidos como legítimos representantes do povo angolano e por Portugal.

Após mais de uma década de confrontação militar em que a coligação de forças do bloco leste não conseguiram levar de vencida a resistência da UNITA e do povo angolano, o regime de Luanda viu-se obrigado a abraçar o diálogo sempre defendido pelo Dr. Jonas Savimbi/UNITA, como via para a resolução do conflito angolano. Em Portugal, após um ano de aturadas negociações, os irmãos angolanos, então desavindos, concordaram na instauração do regime multipartidário em Angola, através do que ficou conhecido como Acordos de Paz de Bicesse, que acabaram com o regime monopartidário de inspiração marxista-leninista que vigorava.

Ao abrigo destes acordos foram criadas as Forças Armadas Angolanas e a Polícia Nacional, constituídas por efectivos provenientes das ex-FAPLA e das ex-FALA, o país passou a ter a economia de mercado e foram realizadas as primeiras eleições presidenciais e legislativas -aquelas que o Dr. Agostinho Neto e o MPLA inviabilizaram, antes do 11 de Novembro de 1975.

Em democracia, protestar contra resultados eleitorais é normalíssimo. Foi o que fizeram o Dr. Jonas Malheiro Savimbi e outros líderes da oposição, ao que o MPLA reagiu com o assassinato de altos dirigentes e de milhares de simpatizantes da UNITA em todo o país. Essa foi a causa do reinício do conflito em Angola, sendo de tamanha desonestidade intelectual ignorar este facto ou destorcê-lo, como tentou fazer Ismael Mateus.

Os estrategas do regime do MPLA terão ignorado as consequências de suas decisões. A guerra, qualquer que seja, devora vidas humanas e destrói infraestruturas vitais para vida económica. O melhor e mais sensato seria evitar que a mesma ocorresse. Aos dirigentes do MPLA, obcecados pelo poder, faltou a sensatez e partiram para a guerra, com argumento falso, como o de “golpe de estado” atribuído à UNITA. Pura mentira.

Apesar de ter protestado contra os resultados, a UNITA, na voz do seu então Presidente Jonas Malheiro Savimbi aceitou os resultados. Essa é a verdade. Aliás, o jornal de Angola noticiou este facto na sua edição de 17 de Outubro de 1992.

Jonas Savimbi decidiu aceitar os resultados das eleições “tal como estão agora para ultrapassar o impasse que se vive no país e evitar o regresso à guerra”, lia-se no Jornal de Angola.

“Sabemos que as eleições não foram transparentes, mas ficamos assim, porque é preciso que haja dirigentes que tenham estatura de patriotismo e sacrifício para permitir que se ultrapasse a crise”, afirmou o Dr. Jonas Savimbi aos jornalistas no Huambo, na sequência da conferência com líderes de Partidos Políticos da Oposição.

O Dr. Jonas Savimbi dirigiu cartas às Nações Unidas, aceitando os resultados eleitorais de Setembro de 1992. Estes factos estão documentados e são acessíveis, podendo ser consultados por quem quer que seja, incluindo o jornalista Ismael Mateus.

Na sequência da conferência com os líderes da oposição, em que foram concertadas posições comuns, o Dr. Jonas Savimbi despachou para Luanda, os seus mais directos colaboradores para retomada do processo eleitoral que previa a realização da segunda volta das eleições presidenciais. O Eng. Jeremias Kalandula Chitunda, então Vice-presidente da UNITA, o Eng. Elias Salupeto Pena, chefe da delegação da UNITA na CCPM, o General Adolosi Mango Alicerces, Secretário-geral da UNITA, General Arlindo Chenda Pena “Ben-Bem” Chefe do Estado-Maior das FALA, Eliseu Chimbili, de entre outros, partiram para Luanda com mandato do presidente fundador da UNITA para que, junto da delegação do governo, fosse encontrada a solução para crise pós-eleitoral com fito na realização de segunda volta das eleições presidenciais e na estabilidade do processo político.

O Eng. José Eduardo dos Santos e os seus homens viram na boa vontade da direcção da UNITA uma janela de oportunidade para desferir um duro golpe contra Jonas Savimbi, enfraquecer a sua liderança, assassinando os seus colaboradores mais directos.

Quando tudo se encaminhava para um bom desfecho das negociações que decorriam em Luanda, o regime do MPLA que tinha distribuídos antes armas e munições aos seus membros e rearmado as suas forças de defesa, desencadeou o massacre dos negociadores da UNITA.

A José Eduardo dos Santos e aos seus colaboradores, alguns dos quais vivos, como França Ndalu, Fernando da Piedade Dias dos Santos, para citar apenas estes, faltou coragem para evitar a morte de irmãos com quem se estava sentado a volta da mesma mesa de negociações. Foram cobardes, traíram a confiança que em si fora depositada por Jeremias Kalandula Chitunda, Elias Salupeto Pena, Adolosi Mango Alicerces, Eliseu Chimbili e dezenas de milhares de angolanos que acreditaram na democracia e na paz mas acabaram perseguidos e mortos por apoiarem a UNITA e Jonas Savimbi.

Cobardes também foram intelectuais angolanos que não levantaram uma voz contra a barbárie, não denunciaram os gravíssimos acontecimentos ocorridos em Luanda e no país, nos dias 31 de Outubro, 1 e 2 de Novembro de 1992, resultando na morte de dezenas de milhares de membros da UNITA.

Vai chegar um momento em que a própria história e mais uma vez o tempo, revelarão os nomes e o papel cobarde exercido por quem deveria ter evitado o derramamento de sangue, quer tenha estado nas vestes de governante do MPLA, quer tenha estado na condição de diplomata aliado do regime político.

Não é a Jonas Savimbi que devem ser assacadas as responsabilidades da guerra pós-eleitoral, mas aqueles que, agarrados ao poder, ainda hoje, mais de trinta anos depois das primeiras eleições, não consentem que a alternância política ocorra no país. Em épocas eleitorais mobilizam meios bélicos e forças armadas para intimidar as populações, como se verificou nas eleições de 2022.

Felizmente, o tempo tem-se constituído no melhor aliado da UNITA e de Savimbi, pois tem estado a desfazer e a destruir a imagem de monstruosidade criada pela propaganda do regime do MPLA em torno da UNITA e do Dr. Jonas Savimbi.

A população angolana é na sua maioria jovem. Segundo o INEA2016, três quartos dos cerca de 34 milhões de angolanos têm menos de 30 anos de idade. Dito de outro modo, quem tem, hoje, 30 anos, nasceu em 1994, dois anos depois das primeiras eleições multipartidárias e da feroz diabolização feita contra a UNITA e o Dr. Jonas Savimbi pelos meios de comunicação dominados pelo MPLA.

Acontece que essa camada jovem que tem expectativas nas melhores condições de vida e no seu progresso social, académico e profissional, vive numa Angola governada pelo MPLA sem atender aos anseios dessa camada social a qual não oferece oportunidades.

Essa juventude, vivendo da graça da revolução tecnológica vai descobrindo que Jonas Malheiro Savimbi foi um Patriota cujas ideias políticas são, não só justas e consentâneas aos anseios dos angolanos, como também foi profeta que anteviu a crise que Angola vive hoje sob domínio do MPLA. Há uma corrida frenética e incessante em busca de informação sobre Jonas Savimbi – injustiçado pelo regime do MPLA.

Portanto, a UNITA e Jonas Savimbi venceram a batalha da sua diabolização. Apesar do fechamento e bloqueio dos meios de comunicação social estatais às propostas da UNITA e da sua direcção às quais se nega acesso às TV angolanas, todas controladas pelo partido no poder, a internet com as redes sociais vão se encarregando de apresentar a UNITA como ela é: partido político moderno, democrático, maduro para os desafios da governação inclusiva e participativa de Angola e cuja direcção na pessoa do seu presidente Adalberto Costa Júnior está empenhada em trabalhar com todas as forças vivas na sociedade angolana para a implementação das autarquias locais e para alternância política.

Portanto, a UNITA é Apetecível.

Por: Lourenço Bento

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