Há já algum tempo que oiço dizeres e leio escritos, todos, a beirar à lógicas do interesse e da coerência.
Um interesse político diz respeito ao que se busca alcançar no cenário político. Em Angola, hoje, o interesse do Povo Angolano é promover a alternância democrática ao MPLA que governa há quase meio século.
Quanto à coerência política, diz respeito a consistência e alinhamento das acções e decisões com os objectivos previamente definidos de alternância democrática ao MPLA que governa Angola há quase meio século.
Apesar da política ser um jogo de interesses, onde, muitas vezes, os objectivos pessoais, partidários e de poder se sobrepõem às necessidades reais da população o alinhamento com a coerência é fundamental.
No contexto angolano, a Frente Patriótica Unida (FPU) tem sido uma força importante na oposição ao regime do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). No entanto, diante das investidas do MPLA para dividir a FPU e atrair membros para a sua estratégia, surge uma questão crucial: onde fica, neste cenário, o interesse do povo angolano?
A estratégia do MPLA de atrair partidos da oposição para a sua esfera de influência não é nova. Historicamente, o regime tem utilizado manobras políticas, alianças e até mesmo aliciamentos para enfraquecer a oposição, promovendo divisões internas que desestabilizam movimentos contrários ao poder central.
O MPLA vai tentar, com promessas e interesses particulares, seduzir a verdadeira oposição para romper com a FPU, desintegrando uma frente unida que representa uma alternativa sólida ao governo.
Este tipo de estratégia, embora eficaz do ponto de vista político, levanta uma série de questionamentos sobre a coerência dos políticos que cederiam a tais incentivos. A coerência política é um princípio essencial para qualquer partido ou movimento que deseja ser confiável para a população. Quando um partido se alia ou se submete a pressões externas com o único objectivo de alcançar vantagens momentâneas ou poder, sem uma base sólida de princípios, acaba comprometendo sua imagem e sua relação com o eleitorado.
A FPU, desde a sua criação, tem sido uma alternativa coesa, com uma plataforma que visa representar os anseios de todo povo angolano. A tentativa de sua dissolução ou enfraquecimento seria, portanto, um golpe para a democracia e a representação popular no país.
A sobrevivência da FPU é crucial, a UNITA, ACJ, o BD, o PRA-JA e toda sociedade civil estão atentos, para que a oposição angolana possa oferecer uma alternativa viável ao MPLA, especialmente em um cenário de crescente desconfiança e frustração popular com o status quo.
Neste cenário, a FPU vai resistir às tentativas do MPLA de desintegrá-la. Não só, Ela tem bastante terreno para se reinventar. A sua força reside na sua coesão, nos seus princípios e na sua capacidade de articular um projecto de futuro que, ao contrário das manobras do MPLA, esteja verdadeiramente voltado para os interesses do povo angolano. Para tal, a FPU precisa manter a coerência de sua ideologia e a consistência nas suas acções, de modo a não cair nas armadilhas de alianças que podem comprometer a sua credibilidade e, consequentemente, o seu papel na política angolana.
O povo angolano está cansado das promessas vazias e das divisões internas entre os partidos que dizem representar os seus interesses. O que se espera da FPU não é apenas uma retórica de oposição ao governo, mas uma proposta política clara e pragmática que considere as reais necessidades da população. Isso inclui a melhoria das condições sociais e económicas, o combate à corrupção, a promoção de uma justiça mais equitativa e o fortalecimento da democracia. A sobrevivência da FPU é, portanto, uma questão de responsabilidade política, não apenas para os seus membros, mas, principalmente, para os cidadãos que esperam mudanças concretas.
Em última análise, o que está em jogo não são apenas as batalhas de poder dentro dos partidos, mas o futuro da democracia em Angola. O MPLA, ao tentar dividir a oposição e enfraquecer a FPU, demonstra que seu interesse não está no bem-estar do povo, mas na manutenção de seu domínio político. A FPU, por outro lado, precisa se manter firme na sua coerência política, resistindo às divisões e mantendo como prioridade os interesses do povo, que espera uma alternativa política verdadeira e comprometida com o progresso social de todos nós e das futuras gerações.
Portanto, a sobrevivência da FPU, mais do que uma questão de poder partidário, é uma questão de coerência política e de compromisso com o povo angolano. O interesse do povo deve prevalecer sobre os interesses pessoais e as estratégias de divisão que buscam apenas enfraquecer a oposição. Somente com uma oposição forte, unida e coerente, Angola poderá avançar rumo a um futuro mais justo e democrático.
OBRIGADO!